Por Jacir Venturi.
A sabedoria popular presenteia com narrativas aprazíveis, criadas e enriquecidas com inventividade ao longo dos séculos e transmitidas oralmente de geração em geração. Muitas delas ilustram como, diante de um mesmo fato, se pode observar visões e comportamentos antagônicos.
Em uma tempestade com ventos fortes, o que faz o comandante do veleiro? Se for pessimista, entrega-se a lamentos e queixumes; se for otimista, espera que o vento mude; se for realista, vai até o mastro e ajusta as velas.
Uma historieta conta que, com a chegada do Natal, um bom pai resolveu presentear os dois filhos. O mais velho era um empedernido pessimista e de sua boca só saíam lamúrias e reclamações. O segundo filho, ao contrário, era um otimista contumaz, contagiando a todos com suas manifestações de júbilo e exultação.
Ao pessimista, o pai deu uma bicicleta. – Poxa, pai, mal sei andar, temo me machucar. Além disso, a cor verde não me agrada…
Para o outro filho, entregou um pacote. Ao desembrulhá-lo, o filho verificou que era estrume e, saltitando de alegria, exclamou: – Oba, oba… cadê o meu cavalo, cadê o meu cavalo?
E, de fato, no estábulo, lá estava o cavalo com o nome do filho otimista. Ou seja, o bom pai, com seu ‘feeling’ realista, já havia intuído que, para um filho, muito seria pouco e, para o outro, pouco seria muito.
História à parte, a positividade é de fato essencial em qualquer ambiente (social, familiar ou corporativo). Todavia, em excesso, tanto o otimismo quanto o pessimismo geram vieses, extremismos e partidarismos que tornam míopes uma boa parte da população em relação aos seus governantes, daí decorrem provocações espirituosas, troças e motejos.
Nesse sentido, no Brasil, conta outra narrativa que o povo estaria dividido entre otimistas e pessimistas.
– Quem são os otimistas? — perguntou o Presidente.
– São os que acham que, em poucos meses, comeremos capim — respondeu o Ministro.
– E os pessimistas?
– São os que acham que o capim não vai dar para todo mundo.
Os italianos são até mais irreverentes e pessimistas do que nós em relação aos políticos, sendo comum o mote: ‘Sta piovendo, governo ladro!’ – ou seja, até mesmo um fenômeno natural e frequente como ‘Sta piovendo’ (está chovendo) seria culpa do governo, que é ladrão, corrupto.
Sou apaixonado por histórias como essas, bem como por frases e pensamentos clássicos ou populares. Ao longo dos anos, colecionei milhares, garimpados em águas límpidas ou barrentas, da margem ao talvegue. Ao longo de minha vida profissional, dediquei-me ao ensino da matemática, à gestão escolar e à engenharia, mas nunca deixei de reservar cerca de uma hora diária para leituras, durante as quais, tergiversando, milhares de conchas passaram por mim. Abri-las, uma a uma, foi um prazer com a volúpia de quem escolhe maravilhosas pérolas entre moluscos e nácares.
Uma boa frase pode suplantar cinco ou dez páginas de um livro, com o efeito de um petardo, pois, além de facilmente memorizável, tem o condão de provocar uma catarse que impacta o coração e a mente. É com esse propósito que deixo para o estimado leitor três frases sobre o otimismo ou seu contraponto, sendo a primeira delas a inspiração para este texto.
• “O pessimista transforma desafios em problemas. O otimista transforma problemas em desafios”. Rupert Murdoch (n.1931), empresário australiano-americano, acionista majoritário de grandes grupos de comunicação nos EUA.
• “Nem todos os otimistas são profissionais de sucesso, mas todos os profissionais de sucesso são otimistas”. Conceito amplamente difundido em literatura de gestão e desenvolvimento pessoal, em que o otimismo é frequentemente associado à resiliência, à capacidade de superar desafios e à manutenção de uma atitude proativa diante das adversidades.
• “É preciso ser pessimista na análise e otimista na ação”. Antonio Gramsci (1891-1937), filósofo, político e marxista italiano. Para Gramsci, quando na fase de planejamento, devemos analisar os fatos sem ilusões, reconhecendo os desafios, obstáculos e possíveis falhas.
Sobre a entidade
Desde 1949, o Sindicato das Escolas Particulares representa as escolas por meio de ações que possam conquistar ganhos para todo o grupo de escolas – junto ao poder público, aos meios de comunicação e até na esfera jurídica. Tem como um de seus objetivos estreitar as relações entre os proprietários de escolas, conhecendo suas necessidades e representando-os junto a outros segmentos; propiciar meios para aprimorar a atuação dos estabelecimentos de ensino, por meio de atividades educacionais e culturais, promovendo e zelando pela conduta ética dos seus associados. O Sinepe/PR oferece às escolas associadas o apoio e a orientação necessários ao bom desempenho de suas atividades, nas áreas pedagógica, administrativa e jurídica.
Fonte: Milena Campos milena@v3com.com.br