Conforme o Censo de 2.022 do IBGE, o Brasil tem cerca de 20 milhões de diabéticos. A IDF, que reúne mais de 240 associações de diabetes em 161 países, há mais de 530 milhões com a doença em todo o mundo.
Diabetes tipo 1: costuma ser diagnosticado na infância e na adolescência, mas pode surgir ao longo da vida. Ocorre quando não há produção suficiente de insulina, fazendo com que a glicose permaneça na corrente sanguínea, aumentando a taxa de glicemia no corpo.
Diabetes tipo 2: costuma surgir na fase adulta, principalmente entre pacientes que não seguem uma dieta equilibrada e não praticam exercícios físicos frequentemente – mas também pode ser um fator genético.
A endocrinologista Solange Travassos e a influenciadora Beatriz Scher (responsável pelo perfil @biabetica no Instagram), ambas com diabetes tipo 1, listam alguns dos desafios enfrentados por pacientes diabéticos.
1. Tratamento adequado
Para Solange Travassos, um desafio ao conviver com a patologia é a falta de acesso ao tratamento adequado para cada caso. Isso porque, segundo a profissional, menos de 15% dos adultos com diabetes tipo 1 têm controle satisfatório e, entre as crianças, apenas 20% têm um controle adequado com baixo risco de complicações. “Vale ressaltar que cada paciente é único; não é como seguir uma prescrição de um antibiótico, que é igual para todos”, explica.
Beatriz Scher, por exemplo, ao passar a usar a bomba de insulina com sensor em seu tratamento – que antes era feito com a aplicação de canetas de insulina -, teve uma redução nos episódios de hipoglicemia de 20 para 4 vezes ao mês. Com isso, teve muito mais autonomia e liberdade.
No entanto, isso só foi possível graças a uma ação judicial para conseguir o aparelho gratuitamente. Isso porque ele custa cerca de R$ 20 mil no plano de saúde particular, o que não é acessível para todos.
“[…] A boa notícia é que a evolução tecnológica trouxe melhores insulinas, sensores e bombas de insulina muito modernas, que ajustam as doses de forma automática, garantindo um bom controle, com poucas hipoglicemias e baixo risco de complicações relacionadas ao diabetes no longo prazo. Outro grande desafio é levar esses avanços para todos que precisam”, ressalta Solange Travassos.
2. Saúde física e mental
Segundo Solange Travassos, o tratamento do diabetes vai além do controle da doença por meio da insulina. “Diabéticos necessitam de orientação médica, nutricional e para atividade física. A incidência de transtornos mentais (ansiedade e depressão) e o estresse gerado pelo tratamento do diabetes são frequentes e necessitam de acompanhamento psicológico e, por vezes, psiquiátrico”, explica.
3. Poucos produtos personalizados
Na comunidade que criou em sua rede social, Beatriz Scher se depara com pessoas que têm dificuldade ou vergonha em lidar com o dia a dia da doença. Uma das maiores queixas, segundo ela, é a estética dos aparelhos, isto é, a falta de produtos personalizados. “Os produtos para diabéticos sempre são em cores neutras, hospitalares, sem personalidade, com poucas opções de escolha”, conta.
4. Alimentação mais restrita
Diabéticos precisam ter atenção redobrada com a alimentação para manter a doença sob controle e evitar complicações. Porém, para alguns pacientes – principalmente aqueles com o diagnóstico recente -, é um grande desafio quando são expostos a guloseimas, fast-food e bebidas alcoólicas, comuns em festas e encontros com os amigos.
“Devemos consumir frutas, verduras e legumes (ricos em fibras) e proteínas magras. Evitar carboidratos em excesso, alimentos gordurosos e bebidas açucaradas. O carboidrato é o macronutriente que mais impacta na glicemia e a quantidade tem ser controlada, mas o consumo não precisa ser proibido”, explica a médica.
Segundo ela, os pacientes não precisam excluir para sempre certos alimentos da rotina, mas é necessário cuidado no consumo e uma programação nutricional individualizada para controlar o peso corporal e prevenir complicações relacionadas ao diabetes.
“Hoje a alimentação da pessoa com diabetes pode ser mais flexível e variada por meio da técnica de contagem de carboidratos, que possibilita uma maior flexibilidade na alimentação e permite o consumo até de pequenas quantidades de açúcar, facilitando o convívio social”, explica Solange Travassos.
Fonte: Redação EdiCase/terra.com.br (reeditado).