Perito em crimes digitais explica o impacto do cyberbullying em nova série da Netflix

Crianças e adolescentes - Produção retrata de forma impactante como o bullying e a perseguição virtual podem afetar profundamente a saúde mental dos jovens, levando a consequências extremas. Além disso, destaca o papel de grupos anônimos na internet, que podem amplificar comportamentos hostis e intensificar o sofrimento de pessoas mais vulneráveis. (Imagem ilustrativa: Pixabay free download)

A série “Adolescência”, da Netflix, expõe uma realidade preocupante: crianças e adolescentes com livre acesso à internet, enquanto seus pais muitas vezes não conseguem monitorar com quem interagem ou que tipo de conteúdo consomem online. A produção retrata de forma impactante como o bullying e a perseguição virtual podem afetar profundamente a saúde mental dos jovens, levando a consequências extremas. Além disso, destaca o papel de grupos anônimos na internet, que podem amplificar comportamentos hostis e intensificar o sofrimento de pessoas mais vulneráveis.

De acordo com o Cetic.br, um centro de estudos ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, com apoio da Unesco, as crianças brasileiras acessam a internet cada vez mais cedo – a tecnologia já faz parte da rotina de 95% de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. A série reforça essa realidade ao demonstrar como o ambiente digital pode ser um catalisador para comportamentos destrutivos, como a exposição excessiva, a radicalização e o próprio cyberbullying.

Wanderson Castilho, perito em crimes digitais e autor do livro “Você sabe o que seu filho está fazendo na internet?”, explica que o crescente uso das redes sociais tem sido acompanhado por um aumento preocupante de exposições inadequadas, fraudes contra as gerações mais jovens e, infelizmente, cyberbullying.

Esses crimes, sobretudo a perseguição online, têm aumentado por conta do anonimato oferecido por muitas plataformas, que permite que os usuários ajam de forma agressiva sem medo de consequências. “A facilidade de acesso às redes sociais tornou simples a ação de agressores – eles atingem suas vítimas a qualquer momento e lugar. Além disso, existe a capacidade de uma única mensagem alcançar uma ampla audiência e intensificar o impacto do cyberbullying”, resume.

Castilho também é o idealizador do aplicativo X-Pert, exclusivo nos Estados Unidos, projetado para oferecer aos pais uma ferramenta abrangente de monitoramento e garantia da segurança online de menores de idade. Pois, para ele, os pais devem proteger seus filhos por meio de conversas abertas sobre monitoramento, educação digital, conscientização, regras claras e mantê-los atualizados a respeito das tendências e das plataformas digitais que eles utilizam. Mas há uma responsabilidade muito maior – e essa é das plataformas.

Nos últimos anos, o aumento da conscientização sobre o impacto negativo desses tipos de conteúdo levou a discussões sobre a responsabilidade das plataformas em retirá-los de suas redes e impedir que eles sejam monetizados. “A questão da monetização de conteúdo prejudicial nas plataformas de mídia social é complexa e envolve uma série de questões éticas e práticas. Basta observar que as plataformas falham na remoção rápida de materiais ofensivos denunciados e na falta de medidas de segurança para proteger os usuários. Além da ambiguidade ou inadequação das políticas anti-cyberbullying e o lucro gerado a partir de conteúdo prejudicial”, pontua.

As plataformas devem assumir uma postura mais ativa na proteção de seus usuários e na promoção de um ambiente online seguro e saudável. “Não podemos ignorar o impacto devastador do cyberbullying e da depreciação nas redes sociais. Devemos responsabilizar as plataformas e exigir que elas cumpram sua obrigação de proteger seus usuários”, complementa.

Por fim, Wanderson Castilho destaca também a importância da colaboração entre plataformas, especialistas em crimes digitais e organizações da sociedade civil para abordar esse problema. “Existe uma necessidade emergente de investir em tecnologias avançadas, como inteligência artificial, e de envolver moderadores humanos para identificar e eliminar rapidamente conteúdos prejudiciais”.

Wanderson Castilho – Perito em Crimes Digitais, é um dos maiores especialistas em crimes cibernéticos do Brasil. Físico e perito cibernético com certificações internacionais, já atuou em casos de grande repercussão, como o de Rose Leonel, cuja luta levou à criação de uma lei contra a violência digital. Com mais de 30 anos de experiência, investiga crimes digitais com o uso de técnicas avançadas de detecção de mentiras, análise de comportamento e rastreamento de atividades criminosas na internet. Possui certificações do Blockchain Intelligence Group, utilizado pelo FBI, além de ser membro da ACFE (Association of Certified Fraud Examiners). Saiba mais em: www.enetsec.com

Fonte: Publika.aí <rebeca@publikaai.com.br>

Compartilhe