O calor, a seca e a incidência de greening (doença) em lavouras de laranja fazem com que a fruta e o suco mantenham preços elevados. Os estoques da bebida estão tecnicamente zerados, aponta a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
No armazenamento ideal, o volume de suco deve ser o suficiente para durar nas épocas em que não há colheita, período de cerca de 4 meses. Quando a conta não bate, já é considerado estoque tecnicamente zerado, explica Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.
Conforme o último levantamento da instituição em dezembro e divulgado em março, o volume era de 463.940,92 toneladas, o segundo pior da série histórica iniciada em junho de 2.011. O pior volume foi também em 2.023, em junho, com 84.745 toneladas.
O baixo volume é causado pela quantidade de frutas. A safra de laranja 2.024/2.025 no Brasil deve ser a pior em 36 anos, com 232 milhões de caixas, queda de 24% em relação à última colheita, aponta o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).
Apesar dos dados, isso não significa que não haverá laranja ou suco da fruta no mercado. Mas, com a escassez da fruta, a indústria já compete com os consumidores e o preço continua a subir.
Os estoques de suco de laranja podem zerar ao fim da safra 2.024/.2025, aponta pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq – USP).
O cenário atual é de demanda superior à oferta e de competição entre a indústria e o consumidor final pela fruta in natura.
Em São Paulo, maior estado produtor do Brasil, cerca de 80% da safra vai para a indústria. Caso não seja o suficiente para o setor, os 20% que sobram vão ser alvos de grande concorrência.
Doentes
Cerca de 77 milhões de laranjeiras estão contaminadas com o greening no Cinturão Citrícola, ou seja, 38,06% do plantio, aponta o Fundecitrus. Trata-se de doença que afeta os pomares e diminui a qualidade e a produtividade da fruta. Ela é causada por uma bactéria, por sua vez, disseminada por um inseto.
Atualmente, é possível encontrar plantas doentes em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e Goiás, explica Olavo Bianchi, pesquisador do Fundecitrus.
A doença não tem cura e a legislação obriga o produtor a remover o pé adoecido. O ideal é prevenir a disseminação da bactéria por meio de pulverização recorrente, diz Bianchi.
O Brasil deve levar até 3 safras para conseguir repor os estoques dos sucos, ou seja, 3 anos, período que leva, após novo plantio, para acontecer uma boa colheita.
Fonte: Com informações de Vivian Souza/g1.com.br