Incidência de greening desacelera no cinturão citrícola de SP

(Foto: Ilustração)

Medidas de controle mais eficazes, melhoria das práticas agrícolas e temperaturas mais altas são alguns dos fatores que contribuem para a desaceleração do greening no cinturão citrícola do Estado de São Paulo. Ao contrário das expectativas criadas, em função do recorde de população de psilídeo registrado em 2.023, incremento na incidência de greening de 2.023 para 2.024 é 54% menor do que o observado de 2.022 para 2.023, segundo levantamento do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura).

O estudo revela que a ocorrência de temperaturas mais altas do que o normal em todo o cinturão citrícola no segundo semestre de 2.023 e início de 2.024 podem ter acelerado o crescimento dos brotos e afetado a multiplicação da bactéria. Além disso, verificada melhoria nas medidas de controle, por exemplo, uso de inseticidas mais eficazes e redução do intervalo de aplicação.

Vale destacar, que, para essa desaceleração, também observada a eliminação de plantas doentes, principalmente de talhões inteiros severamente afetados e nas regiões com baixa incidência da doença. De acordo com o relatório do Fundecitrus, a melhoria no manejo do greening dentro das propriedades é evidenciada pelo menor aumento da incidência nos talhões internos (de 32,71% para 36,43%) do que nos talhões de borda (de 40,06% para 47,25%).

Esse “é o resultado do trabalho de toda a cadeia produtiva de citros, que não está medindo esforços para combater o greening nas propriedades rurais do Estado de São Paulo. Ainda há muito a fazer, mas estamos no caminho certo de eliminar essa doença, que afeta um dos setores mais importantes para o agro paulista”, ressalta Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento de SP.

A produção de laranja no Estado de São Paulo supera 10,6 milhões de toneladas em 2.023, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O volume, garante a São Paulo o status de maior produtor de laranja do País, com 78% do total nacional.

O protagonismo da citricultura paulista também aparece no valor de produção. Segundo dados do IBGE, esse número ficou em R$ 10,7 bilhões em 2.022. Para se ter uma ideia, o segundo estado com maior valor de produção de laranja foi Minas Gerais, com R$ 1 bilhão.

Vale destacar que o setor também é um grande gerador de postos de trabalho. Como não há mecanização, a colheita de laranja é feita de forma manual. Só no Estado de São Paulo, a citricultura emprega mais de 200 mil pessoas.

Além de impulsionar a economia do Estado, a citricultura tem papel fundamental na área ambiental, sequestra até 36 milhões de toneladas de carbono – contribui para reduzir o efeito estufa. O levantamento é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com apoio do Fundecitrus.

Por isso, o Governo de São Paulo conta com uma série de iniciativas para apoiar a produção de laranja. Nesse sentido, há o Projeto Citrus SP Sustentável, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em parceria com o Fundecitrus. Trata-se de um conjunto de ações que, de forma abrangente, busca impulsionar a citricultura paulista, fortalecendo-a por meio de práticas mais sustentáveis, além de oferecer suporte técnico para os produtores, visando à melhoria constante do setor.

Além disso, a SAA possui o Grupo Técnico de Citricultura da Cati, que elabora avaliações técnicas específicas e desenvolve ações para o melhor desempenho produtivo e econômico da citricultura. E também conta com a Câmara Setorial dos Citros, um fórum permanente de interlocução entre os setores privado e público.

Diante da ameaça do greening no campo, o Governo de São Paulo também disponibiliza aos agricultores uma linha de crédito rural por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap): o Projeto Feap – “Apoio à Citricultura e ao Combate do Greening”, recursos com juros e prazos atrativos, permitindo aos citricultores paulistas a implantação, a renovação e a ampliação de pomares cítricos ou a erradicação daqueles comprometidos pelo greening.

O Grupo Técnico de Citricultura e o Centro de Políticas Públicas da Cati trabalham em conjunto com o Feap para a seleção de projetos que poderão ser apoiados por esta linha de crédito. Os produtores interessados podem procurar as Catis Regionais e as Casas da Agricultura para obter mais informações. “O trabalho de todos é muito importante neste momento, desde a implementação das melhores práticas agrícolas no campo, passando pela área de pesquisa dos nossos institutos até a criação de políticas agrícolas. A união dos nossos esforços vai se refletir no resultado da citricultura paulista no combate ao greening”, avalia Guilherme Piai.

Fonte: Guilherme Araújo dos Santos <guilherme.araujo@cdicom.com.br>

Compartilhe